sexta-feira, 1 de abril de 2011

Santuário de Sta. Luzia, uma história dentro da história de Carangola

*Em 10 de abril de 1859, o Pe. Antônio Bento Machado, Vigário encomendado da Freguesia de N. Sra. da Conceição dos Tombos de Carangola, com um grupo de elementos do Partido Liberal, decidiram construir, no povoado de Carangola, uma Capela, tendo por orago Sta. Luzia, fato que, a princípio, deu-se para que os liberais não tivessem que assistir atos religiosos em Capela de Conservadores. Os refugiados políticos de Sta. Luzia do Rio das Velhas, que fugiram da revolução liberal, foram os responsáveis pela introdução de Sta Luzia em Carangola, conforme narra o escritor Rogério Carelli, autor do livro Efemérides Carangolenses.
O historiador disse também que em 10 de fevereiro de 1862 o Bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, criou o curato de Sta. Luzia do Carangola, filial da Freguesia de Tombos, sendo o primeiro Cura o Pe. Antônio Cassaletto, falecido em abril de 1865 e enterrado dentro da Igreja, do lado direito do Altar, e em 1º de maio assumia o cargo Pe. Francisco Rodolfo de Medeiros. Em 1866, no dia de Sta. Luzia, Carangola passava a ser Freguesia, data em que nascia a Paróquia.
A primeira Igreja foi construída em 1859. De 1920 a 1940 o projetista alemão Angel Kieffer, projetou a nova Igreja, desta feita com relógio, sendo que em 1942, durante a construção da nova Igreja foram colocados os 4 Evangelistas, os quais foram comprados no Rio de Janeiro por José Nascimento, em 1933.
A atual feição da Igreja deu-se em obra realizada no período de 1979/1982, ocasião em que era Pároco de Carangola o Pe. Sebastião Sant'Ana.
Ao longo da história da Matriz de Sta. Luzia aconteceram fatos de significativa importância. Entre eles a vinda do Rei (cantor) Roberto Carlos em 1974 para pagar uma promessa de uma enfermidade nos olhos. Na ocasião, o Rei, disfarçado com boné e óculos conseguiu driblar os fãs e ir à Matriz agradecer a graça alcançada, sendo que Igreja  estava completamente vazia,  pois emprestara os bancos para o show a ser realizado pelo cantor no antigo galpão do IBC. Naquele dia caiu uma forte chuva em Carangola.
Pela Matriz de Sta. Luzia também passou, em 11 de setembro de 1933, o Pe. Mariano da Matta, que, a pedido do Prefeito Dr. Waldemar Soares de Souza, veio celebrar uma Missa de Réquiem pela alma do Dr. Olegário Dias Maciel, Governador de Minas que havia falecido recentemente. No centro da Igreja foi armado um cadafalso, iluminado por círios para a Celebração. A Guarda de Honra do Altar foi feita pelo Estado Maior do Batalhão Escolar do Ginásio Municipal Carangolense.
O Pe. Mariano da Matta nasceu em 1905 em La Puebla de Valdavia - Espanha e veio para o Brasil em 1931, amava as crianças e os pobres e faleceu em 1983. Em 1997 Dom Paulo Evaristo Arns iniciou o processo de beatificação e em 05 de novembro de 2006 o Padre foi beatificado pelo atual Papa Bento XVI.
A magnitude da Matriz de Sta. Luzia desde muito oferecia as condições para que a mesma se tornasse Sede de uma Diocese. Em 1914 as autoridades eclesiásticas sondaram o Agente Executivo (Prefeito) Francisco José da Silva Novaes (Cel. Novaes) sobre a possibilidade de conceder uma casa espaçosa para ser Palácio do Bispo e uma propriedade rural para ali se instalar um Seminário. No entanto, não foi de interesse do Coronel que fosse instalada em Carangola a Sede de um Bispado. Em 1940, no governo do Prefeito Dr. Waldemar Soares de Souza, novamente foi oferecido a Carangola ser Sede do Bispado e a exemplo dos políticos do passado, que julgavam que isto constituiria um poder paralelo a intervir na vida do lugar, novamente a proposta foi recusada, conforme bem coloca o historiador Rogério Carelli.
Com a recusa do Cel. Novaes e do Dr. Waldermar Soares de Souza, a Sede do Bispado, que seria instalada em Carangola, acabou por ser instalada em Caratinga e Leopoldina, respectivamente.
Ao tomar conhecimento da recusa feita pelos Prefeitos passados, o atual Prefeito de Carangola Patrick Drumond Albuquerque, que tem em sua família uma tia avó freira, Francisca Albuquerque disse que se isso acontecesse em seu governo, Carangola e toda a comunidade receberiam a Sede do Bispado de braços abertos.
Em 1977 a Matriz de Carangola transforma-se num Jubileu, passando dessa forma ser reconhecida como um Santuário. E não é para menos, pois são tantos os fatos de significativa importância ocorridos ao longo dos 151 anos de existência da Matriz de Sta. Luzia que se torna difícil descrever todos. Sabe-se que, a exemplo do Rei Roberto Carlos, muitas outras pessoas vieram a Carangola agradecer a cura recebida por intercessão da Santa Padroeira, considerada a guardiã dos olhos e, caso existisse uma sala de ex-voto no Santuário, certamente ali teriam sido depositadas peças de gesso, madeira, fotos, resina, parafina, placas, entalhes e outros agradecimentos pelas graças concedidas.
Pela Matriz do Santuário de Sta. Luzia já passaram dois Padres que se tornaram Bispos, Dom Paulo Mendes Peixoto, que foi Pároco de 1987 a 1994 e Dom Odilon Moreira, que foi Pároco de 1994 a 1999, este ordenado em Carangola. Ambos os Bispos deixaram suas mensagens gravadas durante a permanência em Carangola nas páginas do Jornal Folha da Mata.
O Santuário de Sta. Luzia estará ganhando, nas comemorações do seu 33º Jubileu, cinco obras, a nova cantina com um palco por cima, a rampa de acesso lateral, o calçamento da frente da Matriz e o Monumento comemorativo que será doado no dia 13 de Dezembro, Dia da Padroeira, pela Associação Brasileira dos Amigos do Caminho da Luz - ABRALUZ, através de seu Presidente Albino Neves à Matriz de Sta. Luzia. A obra foi feita pelo Escultor Afonso Barra.
O Pe. Antônio Feliciano Teixeira  - Toninho, tem envidado, junto aos fiéis, todos os esforços para melhor estruturação do Santuário de Sta. Luzia e também dado, juntamente com o Prefeito Patrick Drumond, todo o apoio para a realização do projeto da construção da Via Sacra  no morro do Cruzeiro, que deverá ter as Estações das Passagens de Cristo esculpidas por Afonso Barra. www.caminhodaluz.org.br

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