quinta-feira, 12 de abril de 2012

Modernidade e controle colocam em risco a perda de um antigo meio de comércio

Se por um lado, com toda razão, o Governo quer controlar a sonegação de impostos implantando a nota fiscal eletrônica, por outro, em alguns casos, como é o do Armazém do Sabininho, criado na década de 70, próximo ao Posto São Judas Tadeu em Carangola, e que é um comércio de Secos e Molhados onde se encontra de tudo, lembrando os antigos mercadinhos do início do século passado, corre o risco de acabar com seu comércio.

Sabininho tem prazer de servir e de ser útil.
O comerciante Sabino Luzia da Cruz Fava e sua mulher Maria Luzia são autênticos representantes de uma cultura singular de comércio, tendo em vista que no Armazém do Sabininho encontra-se de tudo um pouco. Ração de animais variados, cachaça, linguiça, gaiolas, galinhas, patos, coelhos, banha de porco, porquinho da índia, prego, arroz, feijão, tela de galinheiro, farinha, arame, martelo, enxada e milhares de outras coisas, um verdadeiro mercadinho da roça antiga, tradição da cultura mineira, que corre o risco de desaparecer. As pessoas em Carangola costumam dizer: "Se não achar no Sabininho é porque não existe!".
Se não bastasse a comercialização variada de Secos e Molhados, no Sabininho ainda realizam-se transações como a troca de galinhas, de patos, de ovos, de banana e outras tantas produções rurais por arroz, feijão, macarrão, cachaça, cerveja, tira-gosto.
E tem mais, é o único mercadinho na cidade em que os clientes fazem anotações de suas compras em cadernetas e pagam por semana, por quinzena ou por mês. Por serem clientes antigos, já aconteceu por várias vezes que alguns deles, por causa de doenças ou falta de emprego, não tinham como pagar suas contas em dia, mas mesmo assim não deixaram de comer, pois o Sabininho e a Luzia continuaram anotando e depois receberam.
É triste constatar que uma forma de comércio tão humano e solidário corre o risco de desaparecer para satisfazer a fome do Governo em arrecadar mais.

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